João Pedro Braga da Cruz, recentemente designado presidente da APA, S.A., releva as condições portuárias de Aveiro, nomeadamente "um comprimento de cais para acostar navios bastante elevado e uma riqueza única no panorama portuário nacional, que são os terraplenos para mercadorias".
"Agora precisamos de equipamentos e clientes, sendo que estes decorrem da atividade económica. Servimos o noroeste peninsular e só captaremos mais carga se oferecermos melhores condições, será uma luta permanente ", referiu o presidente da Administração Portuária de Aveiro (APA) numa entrevista transmitida esta quinta-feira no espaço da Comunidade Portuária de Aveiro da Rádio Voz da Ria (90.2).
O prolongamento da barra, um dos grandes investimentos dos últimos anos, já tem reflexos na entrada de navios até 160/170 metros, mas podem chegar até 200 metros. "É um potencial que exige que o porto demonstre a sua fiabilidade, já que a permanência destes navios é cara. Este desafio tem vindo a ser superado, continuamos a evoluir passo a passo, ajustando o equipamento, quer humano quer material", explicou o administrador que já passou pelo cargo entre 2002 e 2005 e veio do porto de Leixões.
Menos burocracia
A administração tem reunido com os agentes da comunidade portuária, mostrando disponibilidade para "tornar o porto cada vez mais competitivo", dando maior capacidade de movimentação, de armazenagem e de desburocratização através de sistemas de informação, podendo assim "apresentar melhores soluções aos seus clientes".
A tutela pediu "para conhecer a realidade e depois ponderar como colocar Aveiro em sintonia com as linhas de desenvolvimento do sistema portuário, vendo o que é mais necessário para tornar Aveiro mais eficiente", numa período que tem sido marcado por recordes de movimentação de cargas.
As dragagens, para garantir o acesso marítimo, figuram "nas necessidades permanentes", mas está previsto fazer intervenções destinadas a melhorar a ligação da via férrea aos terminais de granéis sólidos e liquidos e dos próprios terminais.
"O nosso desafio é muito mais nos sistemas de informação, na fluidez da informação do transporte marítimo, potenciando a ´janela única portuária´ para agilizar o fluxo documental que acompanha as mercadorias", vincou Pedro Braga da Cruz.
O porto de Aveiro tem a sua vocação tradicional na carga geral fracionada (aços, ferros, pasta de papel, agro-alimentares, químicos), mas a administração nova quer torná-lo "atrativo para outros tráfegos", incluindo contentores.
Se há dez anos era um porto importador (aço em varão, cimento a granél), hoje com o arrefecimento da construção civil e a economia a mudar o porto tornou-se exportador de cimento a granél, de clínquer para produção de cimento ou pellets. "Esta capacidade de adaptação é muito auspiciosa", referiu Braga da Cruz, mostrando-se satisfeito também com o desenvolvimento do parque de combustíveis da Prio. "Mas o porto tem potencial para concretizar muitos mais casos", garantiu.
Paz social e abertura à comunidade
O presidente da APA mostra-se satisfeito com o momento de paz social no trabalho portuário (estiva), que está estabilizado e que em vez de despedimentos gera contratações. "Contribui com a sua quota parte para o desenvolvimento do porto", reconhece.
No início do mandato, Pedro Braga da Cruz deixa ainda o compromisso que não esquecerá a comunidade envolvente, nomeadamente a cidade da Gafanha da Nazaré, que está paredes meias. "O porto quer estar bem com as pessoas", dando o exemplo da colaboração encetada em torno do problema criado pela necessidade de conter as partículas finas de petcoke. "Já foram introduzidas alterações, com melhorias da qualidade do ar. Mas o estudo vai continuar e no fim veremos se ainda são necessárias mais medidas", referiu.